domingo, 24 de novembro de 2019

A CRISE ECONÔMICA ATUAL E O PROCESSO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO

A Crise Econômica Atual e o Processo de Desindustrialização

Alex Santos
Allana Malta
Carla Luisa
Sahmira Simões
Tássio Carvalho
Thais Nery
Wanessa Souza
Yasmim Rosa



Resumo: 

O Brasil atualmente passa por uma crise econômica. Essa crise vem agravando diversos problemas no país, dentre eles está o processo de  desindustrialização. Neste artigo vamos abordar as causas da crise e como as suas consequências afetam a vida dos brasileiros. 

Palavras-chave: Crise Econômica, Crise do Petróleo, Crise Política, Desindustrialização.

Abstract: 

Brazil is currently experiencing an economic crisis. This crisis has aggravated several problems in the country, among them is the process of deindustrialization. In this article we will address the causes of the crisis and how its consequences affect the lives of Brazilians.

Keywords: Economic Crisis, Oil Crisis, Political Crisis, Deindustrialization.




Diferente do que muitos dizem e defendem, o processo de desindustrialização no Brasil não é fruto da crise econômica atual mas de uma sucessão de acontecimentos desde a década de 90. A desvalorização da moeda brasileira é um dos principais agravantes deste processo. 


O início do processo de desindustrialização no Brasil


Quando a moeda de um país é desvalorizada em relação a moeda externa aumentam as taxas de exportação, já que os produtos deste país se tornam muito mais atrativos que outros países. Com o aumento das taxas de exportação há um crescimento industrial considerável. 

Foi o que houve no ano de 1999, no início deste ano aconteceu um efeito no câmbio brasileiro chamado efeito samba, que foi um momento de queda do real que se desvalorizou em relação ao dólar. Sendo assim a desvalorização da moeda local facilitou desde o início do século e até hoje que indústrias se instalassem no Brasil. Uma consequência disso foi o processo de descentralização industrial. Até o final do século XX as indústrias se concentravam no centro-sul do país, com o aumento da industrialização gerado pela desvalorização da moeda houve uma expansão dessas indústrias para o restante do país, incluindo o Nordeste. Grandes empresas se instalaram nas regiões da Bahia e Pernambuco gerando emprego e aumentando a economia do país.


A crise econômica no Brasil


Há anos a mídia brasileira tenta por meio de notícias, programas e outros meios propagar a ideia de que a crise econômica atual no Brasil é de inteira responsabilidade do governo interno. Mas a verdade é que essa crise é também uma consequência do que foi a crise de 2008 no restante do mundo. 

O mercado imobiliário dos EUA em 2008 sofreram uma forte crise. Grandes e tradicionais bancos do país entraram em falência e isso gerou um efeito dominó, bancos em diversos países anunciaram uma queda em seus fundos e uma grande baixa em sua economia. Pode-se dizer que o Brasil esteve em uma situação um pouco mais confortável durante essa crise, no governo de Fernando Henrique Cardoso foram feitas várias reformas econômicas como o PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, desde a década de 1990 foram implantadas responsabilidade fiscal e câmbio flutuante coisas que fizeram com que o país sentisse menos impacto da crise que o restante do mundo. 

Os Estados Unidos é a potencia que  mais exerce influência no mundo e por isso as consequências de uma crise em território americano afetaram a estrutura econômica brasileira. Por esse motivo, algumas medidas foram tomadas pelo governo a partir do final de 2008 para barrar os malefícios dessa situação . O governo desenvolveu a política de crédito barato e juros subsidiados e em alguns setores da indústria cortou o IPI (Imposto sobre produtos industrializados). De início foi cortado o IPI sobre os materiais de construção, que ajudou no crescimento do setor. 

Nessa parte houve muito incentivo do governo ao consumo de automóveis e da chamada 'linha branca'. Para facilitar o entendimento de como os cortes do IPI causaram grandes mudanças, pouco depois da crise de 2008, por conta da baixa do IPI a venda de carros disparou em pouco tempo. Segundo Felipe César, mestrando em Direito Político e Econômico na Universidade Mackenzie em seu artigo  intitulado Crise Financeira em  2008: A Intervenção do Estado em Domínio Econômico, em novembro de 2008 foram vendidos 180 mil carros, o que aumentou para 194 mil em dezembro do mesmo ano. No ano seguinte o setor automotivo bateu seu recorde de vendas, números nunca sonhados antes. A comercialização da 'linha branca' dos eletrodomésticos também sofreu uma alta em meados de 2009, por conta da queda do IPI neste setor.

O governo ofereceu ajuda federal a grandes empresas para que pudessem se instalar em locais estratégicos de forma segura, um exemplo disso foi a empresa Ford. Em novembro de 2009 a Ford confirmou uma contribuição de 4 bilhões de reais no país entre 2010 e 2015, destinados à melhoria das instalações da empresa no Nordeste já que essas ajudas federais foram em maior parte destinadas a essa região.

Outra medida tomada pelo governo que ajudou a conter a crise foi o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que previa acelerar a economia brasileira por meio de políticas econômicas. O desenvolvimento das obras de infraestrutura em diversas áreas como saneamento, energia, rodovias e estradas se manteve regular com a expansão desse programa. O governo incentivou a política de consumo no Brasil já que a taxa de crescimento do PIB no país era de 7,5%.

Com isso notamos que no auge de uma crise econômica a nível global iniciada no centro econômico do mundo, o Brasil por meio de algumas estratégias se manteve estável durante alguns anos, apenas alguns anos.

Fatores que viriam nos anos seguintes e que ocorreram nos anos anteriores seriam suficientes para resultar em uma crise econômica de fato no país. Dentre esses fatores se destaca as tentativas de barrar a crise de 2008 mencionadas acima, a crise do petróleo alguns anos depois, o processe de recessão e inflação.


A Crise do Petróleo


O valor do petróleo é medido com base na lei de oferta e demanda. Se há muita busca por esse produto, seu preço aumenta. No sentido inverso, se a procura cai, o preço também cai. Com a crise de 2008, a economia de diversos países foi afetada e sofreu problemas, com isso, a procura por barris de petróleo diminuiu, fazendo com que seu preço despencasse quase 60% em 10 anos, saindo de US$ 100,00 em 2006 para US$ 29,00 em 2016. Em contrapartida a produção de petróleo continuava a aumentar devido a vários fatores como a exploração do folhelho nos EUA. 

Com a crise do petróleo vários países como a Rússia e Venezuela que tem uma economia dependente em grande parte da exportação de petróleo, sofrem com essa crise. No Brasil temos uma grande reserva de petróleo recém descoberta — o pré-sal —, grandes empresas petrolíferas como a Petrobras administram essa imensa fonte de petróleo. 

No entanto devido a crise do petróleo e os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras na Operação Lava-Jato além de uma dívida alta a indústria de petróleo no Brasil está muito afetada. Como consequência investimentos em empreendimentos do pré-sal são reduzidos significativamente. A redução dos investimentos em produção de petróleo dentro do país aumenta as taxas de importação do produto, isso consequentemente diminui o processo de industrialização local gerando desemprego. 


O Processo Recessivo


Desde abril de 2014 o Brasil se encontra em uma forte recessão econômica e alguns fatores contribuiriam para isso.

Muitas políticas adotadas entre os anos de 2009 e 2014, incluindo a de exoneração do IPI em demasia, foram grandes agravantes para iniciar uma recessão. Uma relação desequilibrada de oferta e procura entre o governo e os diversos setores industriais e comerciais, gastando mais do que recebendo gerou um aumento nas dívidas domésticas brasileiras em 2015. Em 2016 o déficit primário das contas do setor público somaram 155,7 bilhões de reais em comparação com 32,5 bilhões do ano anterior. O déficit no ano de 2016 fechou em 155,8 bilhões de reais, tornando o Brasil líder na dívida privada.

Muitos economistas consideram a estratégia de exoneração do IPI inteligente, e que se utilizada corretamente surtiria um efeito positivo. O problema está quando essa estratégia não é utilizada de forma correta, foi o que aconteceu durante os anos de 2009 a 2014. A exoneração do IPI foi demasiada e durante esse processo o governo deixou de arrecadar dinheiro das grandes empresas, aumentando as dívidas do país.

Entre 2014 e 2016 o PIB caiu cerca de 10%, a economia sofreu uma contração de 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016. Uma situação como essa gera grande dificuldade na recuperação econômica de um país como o Brasil.


Processo Inflacionário


Em 2014 o índice inflacionário foi de 6,41%, sendo que a meta do Banco Central era de 6,5%, considerado o maior desde 2011. Mas, em 2015 esses índices subiram chegando a 10,67%, o mais alto índice desde 2002. 

Com tudo isso, a crise acabou gerando desempregos, que atingiu seu auge em março de 2017, com taxa de 13,7% da população, o que representou 14,2 milhões de brasileiros desempregados. Esta crise acabou sendo intensificada por conta de uma crise política, que aconteceu quando a presidenta da época Dilma Roussef foi definitivamente afastada do seu cargo por um processo de impeachment, que com isso resultou em protestos contra o governo por todo o país.

A crise política que se estende desde 2014 é marcada pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff, pelos escândalos de corrupção da Lava-Jato e pelas inovações dos partidos políticos. Essa crise política agrava a crise econômica pois afasta investidores do nosso país. Quando surge um escândalo como as delações envolvendo Michel Temer é o mercado de câmbio e a bolsa de valores que respondem inicialmente. 

Sem investidores, não temos incentivo industrial, sem incentivo industrial há um aumento no processo de desindustrialização, gerando mais desemprego. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, nos primeiros 6 meses de 2016 mais de 60 mil lojas fecharam as portas no Brasil, o que pode ser em média 375 lojas fechadas por dia. Ao longo de 2015 o varejo fechou mais de 100 mil lojas e nos primeiros meses de 2016 o varejo fechou mais de 160 mil lojas.

O P.I.B acabou subindo 1% no primeiro trimestre de 2017, sendo o primeiro aumento depois de 8 quedas trimestrais. A desigualdade econômica atingiu seu auge em março de 2019 de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE). De 2012 a 2019 as riquezas acumuladas entre 10% das pessoas mais ricas aumentaram em 8,5%, enquanto entre 40% das pessoas mais pobres caíram em 14%.


Conclusão


De acordo com o Ministério da Fazenda, o Brasil saiu da maior recessão do século, mas com o crescimento econômico registrado, apenas o fim da recessão técnica foi concretizado, o que significa que o Brasil ainda está em crise. O processo de desindustrialização é resultado de problemas de anos, mas que se intensificou poucos anos atrás. A crise econômica atual é causada por diversos problemas  estruturais em conjunto, com a crise de 2008 e a crise do petróleo somadas a uma crise política a qual acarretou num processo inflacionário e recessivo que agravou ainda mais o cenário de desigualdade social presente em nossa sociedade. A dificuldade de encontrar um emprego ou manter um negócio comercial próprio é uma prova disso. Para termos uma dimensão mais real desse quadro, vale lembrar do maior Polo Petroquímico do Estado da Bahia em Camaçari. O que antes era motivo de orgulho e fonte de renda para centenas de famílias nordestinas de classe média e baixa, hoje é um espaço sucateado tomado pelo descaso e falta de investimento. Assim sendo, é importante nos informarmos sobre a economia do nosso país para que possamos construir ideais e posicionamentos políticos concretos a fim de sermos capazes de contribuir para a mudança dessa situação. 



Referências:

WIKIPEDIA, Crise econômica no Brasil desde 2014 
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Crise_econ%C3%B4mica_no_Brasil_desde_2014 > Último acesso: 23/11/2019.


EDUCA MAIS BRASIL, Crise econômica no Brasil > https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/matematica/crise-economica-no-brasil > Última acesso: 23/11/2019.

WIKIPEDIA, Crise política no Brasil desde 2014 > https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Crise_pol%C3%ADtica_no_Brasil_desde_2014 > Última acesso: 23/11/2019.

FILHO, Fernando. A crise econômica de 2014/2017 
> http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142017000100051 > Última acesso: 23/11/2019.

MARIANI, Daniel; ROCHA, Júlia; DUCROQUET, Simon e MAYER, Ralph. Um histórico visual da queda do preço do petróleo
> https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/01/18/Um-hist%C3%B3rico-visual-da-queda-do-pre%C3%A7o-do-petr%C3%B3leo > Última acesso: 23/11/2019.

OLIVEIRA, Graziele; TURRER, Rodrigo. Por que o petróleo ficou barato – e como isso afeta o mundo
> https://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/01/por-que-o-petroleo-ficou-barato-e-como-isso-afeta-o-mundo.html > Última acesso: 23/11/2019.

WIKIPEDIA, Desvalorização do real em 1999
> https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Desvaloriza%C3%A7%C3%A3o_do_real_em_1999 > Última acesso: 23/11/2019.

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